segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Emigração

Tenho muito medo do meu futuro. 
Tenho muito medo!
E esta reportagem da TVI foi um murro no estomago, daqueles enormes, daqueles que corroem por dentro e que nos comem um bocado da alma.  
Eu sei as coisas neste país nao estão fáceis. Eu sei que há muita gente a ir para não voltar, revoltados com a falta de oportunidades que este triste país tem para dar. Pessoas interessantes, inteligentes, cultas, cheias de projectos, cheias de sonhos, e que só procuram um cantinho para ser felizes, um cantinho para se realizarem. 
Tenho muito medo de vir a ser uma dessas pessoas. Tenho medo de precisar de sair para me sentir concretizada. E nao ser feliz me num local nem noutro. 
Os meus avos são da geração que emigrou, uma emigração diferente. Mas o meu avo J. foi para franca, atravessou a fronteira escondido num pequeno barco, passou os pirineus a pé, e trabalhou na construção civil e em fábricas de queijo. Vinha no verão e se tudo corresse bem no natal. Esteve assim oito anos e tinha filhos pequenos. Voltou para a aldeia, começou a trabalhar ao jour, ao dia. 
Também o meu outro avo, o materno, foi para Franca, também ele foi procurar forma de sustento melhor para a sua mulher e quatro filhos. Também ele foi escondido, num barco enquanto atravessava a fronteira. Voltou pouco depois. 
E eu? O que vai ser de mim?
Já tive a certeza absoluta que iria ter um futuro muito risonho, mas agora sei bem que as coisas nao são da maneira como sempre sonhei. 
Que vão surgir muitos obstáculos, muitas duvidas. E nada que eu sempre achei que seria garantido, o será. 

Estou triste, tristinha! 

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